Deuses do Brasil - Uma visão perdida que podemos resgatar
O que conhecemos de Iamandu? Quem é Jaci e Guaraci? Rudá significa alguma coisa pra você?
Na astrologia não importa apenas o horário e a data de seu nascimento, o local também redireciona muito bem as energias interestelares que apoiam nossa concepção e tudo isto tem influência sobre nossa vida, onde podemos aprender muito com isto e nos desenvolver. Da mesma forma acredito que estamos inseridos em um local para tratarmos com estes os aprendizados que aqui (no local que nos encontramos) estão disponíveis a nos influenciar como meio habitat.
Não sendo nacionalista com esta proposta, mas permitindo-se refletir a respeito da colonização e do processo de independência junto com a globalização e difusão da informação no âmbito mundial, pode-se discutir bastante sobre o que conhecemos de verdade do Brasil.
A princípio, como pagãos, o primeiro ponto é que não adoramos o Deus Cristão, onde nesta premissa entram os hindus, os xintoístas, os xamãs e todos mais. E de fato, não sendo um adorador do Deus de Israel que escolheu 7 igrejas de locais que estão distantes daqui e ainda mais em se pensar que grande parte do tempo do desenvolvimento de sua cultura religiosa o Brasil nem existia, tanto este Deus quanto os outros Deuses (nórdicos, egípcios, gregos e romanos) também chegaram pelas navegações, ou seja, ainda nenhum destes contemplavam em seus contos nossa terra e nosso povo.
Pensando que cada cultura que se desenvolveu em um local chegava à mesma linguagem e se desenvolveu simultaneamente, cada qual com seus recursos e também seus Deuses, podemos muito bem atentar os olhares para como se deram o povo dessa Terra.
Com todo o conhecimento do budismo, paganismo, espiritismo e todas as crenças que aceitam a reencarnação, podemos perceber que não estamos limitados à nossa nacionalidade, podemos ter uma essência da China que veio para este corpo aprender a lidar com o clima tropical, podemos ser hindus que assumimos uma vida de brasileiro, ou qualquer outra forma de “globalização” (também) das almas. No Budismo pagamos os Karmas, e quem sabe o que enfrentar por estar neste território hoje? O que aprender por estar aqui?
Já mencionei anteriormente que a colonização nos colocou uma coleira cultural por um grande período. Claro que iriam trazer a cultura deles para domesticar quem havia aqui e também ter o seu espaço de adoração. Além disso, com a globalização, os portos ficavam abertos a novos povos que também buscavam seus espaços culturais. A saída política foi tornar o país “laico”. Sim, entre aspas.
Contudo, conhecemos outras culturas, nos identificamos com algumas, cultuamos duas, participamos de três, frequentamos quatro ritos, e não paramos mais. Quanto mais apaixonante e espiritual nos encontramos em um lugar que nos favoreça crescer e que nos deixa o bem estar que procuramos, acabamos experimentando. Com a difusão da informação, com os recursos tecnológicos e vários antropólogos que pesquisam em campo, disponibilizando tudo online, estamos conectados a todas as culturas e hoje mesmo podemos escolher com quem simpatizamos de cultuar.
Enfim, de novo, a questão é: o que houve com Iamandu? Ele não tem mais influência sobre os povos brasileiros? Como disse, se onde nascemos influencia como conduzimos a vida porque então não ao menos conhecemos os Deuses Brasileiros?
Aqui vai uma breve explicação sobre as Divindades do Brasil que estão aqui com os povos que habitavam antes de todo o trâmite da catequização e dos outros Deuses virem posar nas nossas terras.
Criação
Antes de Tudo, no começo do Nada, ainda quando toda massa não era Espaço e não tinha Tempo, havia Iamandu. A maior força e a constituição de tudo era apenas o Ser e simplesmente Existia. Iamandu, o supremo início que em tudo há. Como suprema força de poder seu maior símbolo é o Raio, que manifesta um poder incontrolável por qualquer outro seguido de sua grande voz de trovão.
Como energia prima para que deste tudo surgisse, Iamandu é a força divina presente em tudo que é criado, estando assim ciente de todas as coisas e presente em todo lugar. Por ser Tudo e Nada ao mesmo Tempo e em todo Lugar, Iamandu organiza e orienta uma manifestação, corporifica então um novo ser chamado Tupã.
Tupã se torna então a força corporificada de Iamandu para seus atos de criação, assumindo assim a força da criação, o Criador que se manifesta. Agora que se manifesta em potência criativa, Tupã coloca esta força para condensar as massas, materializar toda construção do pensamento e trazer ao real seus poderes de grande força que dominam tudo que está depois dele.
O grande anunciador que traria a Luz para toda escuridão do Nada que ali havia, Tupã mostra seu poder e domínio do que é escuro e brilha na criação de Guaraci. Este é o que chamamos de Sol. Guaraci ilumina o dia, mostra o que há na escuridão, tirando as trevas de todo lugar, assim era possível que as forças de Iamandu pudessem ser apreciadas. Isto consequentemente trouxe a Terra, pois agora se via lugar.
Guaraci estando muito tempo em sua função de levar a Luz a todo lugar também precisava de algo: o descanso. Sua função era grandiosa e para isto Tupã cria um ser que o ajudasse nesta missão, Jaci. Esta por sua vez tomaria a função de iluminar durante os descansos de Guaraci. Já fica claro aqui que Jaci é a Lua, e, portanto, uma divindade Feminina.
Imbuídos do poder de Tupã e tendo o domínio da Luz que iluminava o Lugar, Guaraci e Jaci descem à Terra sobre uma montanha e criam todas as coisas como florestas, oceanos, animais e as estrelas nos céus.
Com tudo isto tendo para reinar e deixar que Iamandu se manifestasse, Guaraci começava a despertar certa curiosidade por Jaci, pois percebia que esta tinha suas semelhanças e o permitia o descanso. Ansiava desposá-la, porém isto não era possível, pois quando Guaraci abria os olhos tudo se transformava em Dia e Jaci se retirava para descansar.
Tupã cria então Rudá, o mensageiro, responsável por enviar o Amor de Guaraci a Jaci. Rudá não percebia a Noite e o Dia, por isso ele aproximava os dois grandes Deuses em seu encontro na Aurora.
Depois de ter criado os animais e vários lugares de diferentes poderes, Tupã cria novos representantes para domarem as intempéries. Cria Ipupiara como Senhor das Águas, que depois se transforma em Iara. Também traz Ceuci, responsável pelo que as plantas produziam.
Tupã cria a humanidade misturando vários elementos da natureza e lhes assopra a vida, os deixando na Terra com os espíritos do bem e do mal.
Eis que se tem a primeira civilização composta por Rupave e Sypave (Pai dos povos e Mãe dos povos). Tiveram eles três filhos e muitas filhas. Os mais conhecidos foram Tumé Arandú (o mais sábio dos povos e grande profeta), Marangatu (líder benevolente e generoso) pai de Kerana, e Japeusá (mentiroso, ladrão e trapaceiro). Destes surgiram todas as civilizações conforme os conhecimentos do Guarani.
É possível perceber uma semelhança em várias outras culturas se apenas trocarmos os nomes, confere?
Depois de ter feito a humanidade, os Deuses começam a ter relações como divindades que são cultuadas por estes povos, então surgem seus aspectos ligados a natureza humana.
Divindades
Iamandu
Este é o Todo Poderoso que em tudo habita, é o Grande Espírito respeitado em todo lugar e em toda parte, pois ele está em toda parte, ninguém ousa falar em Seu nome. Ele é a força vital que condensa em toda manifestação viva ou não, que se pode e não pode ver. É assemelhado ao Raio com sua força e poder. E quando este cai na Terra, representa que algo que estejamos fazendo precisa ser revisto. O Trovão traz sua mensagem de advertência e espanta as forças malignas para longe.
Tupã
É o Avatar de Iamandu, serve como corporificação da grande força que em tudo há, assume a criação para expressar o poder e trazer a vida, dando assim o sentido de tudo que antes não havia espaço nem tempo. Criador das outras divindades, dos lugares e da humanidade. É adorado como O Grande Criador. Também possui o Raio como seu forte símbolo de poder.
Guaraci
Este é o Sol que brilha e traz a Luz, responsável pela vida e continuidade desta, pois a vida não seria possível sem o calor do Sol nem sua Luz. Ilumina tudo e a todos, muito apreciado por trazer luz aos pensamentos, por revelar os mistérios ao homem, por mostrar o caminho, por permitir o desenvolvimento, a construção, o plantio e tudo mais que o Sol pode fornecer para a humanidade. Em Tupi significa “Sol”.
Guaraci como Deus Sol se apaixonou pela Deusa Lua e ansiava estar com ela, porém, diz os contos que quando Guaraci abria os olhos depois de seu descanso, Jaci partia e tudo se tornava dia.
Jaci
A Deusa Lua, que assumia o papel de Guaraci para que este pudesse descansar, Ela iluminava a noite. Era adorada por todas as mulheres que dançavam nuas nas noites nas proximidades dos lagos para demonstrarem suas satisfações. Jaci agraciava elas com sua beleza, e de vez em quando escolhia uma destas mulheres de sua preferência para toma-la para si, e esta escolhida se iluminava, deixava de ser sangue e carne para ser uma estrela no céu. Do Tupi significa “Lua”.
Rudá
Este foi criado por Tupã para ser a Mensagem e o Amor de Guaraci e Jaci. Ele era responsável por unir os dois. Como Rudá não conhecia o dia nem a noite, Ele pôde unir Guaraci e Jaci na Aurora.
Também é responsável por amolecer os corações duros dos índios guerreiros, fossem homens ou mulheres, para prepara-los para o amor. Conforme a lenda, Rudá vive nas nuvens e é adorado pelas índias na busca do marido.
Há uma citação de Mário de Andrade na nossa literatura romântica, no livro Macunaíma, onde o personagem de mesmo nome invoca Rudá:
“Rudá, Rudá!... Tu que secas as chuvas, Faz com que os ventos do oceano Desembestem por minha terra, Pra que as nuvens vão-se embora, E a minha marvada brilhe, Limpinha e firme no céu!. . . Faz com que amansem, Todas as águas dos rios, Pra que eu me banhando neles, Possa brincar com a marvada, Refletida no espelho das águas!...
(...) Rudá! Rudá! Tu que estás no céu, E mandas nas chuvas. Rudá! faz com que minha amada, Por mais companheiros que arranje, Ache que todos são frouxos! Assopra nessa marvada, Sodades do seu marvado! Faz com que ela se lembre de mim amanhã, Quando a Sol for-se embora no poente !..”
Ipupiara
Este era meio homem e meio peixe, possuía um bigode e controlava as águas, conforme a humanidade foi se desenvolvendo e mau tratando as formas aquáticas, este começou a se revoltar contra os humanos e atraí-los para a água para que ali se afogassem. Do Tupi significa “o que está dentro d’água”.
Iara
Iara surge na transformação de Ipupiara que pretendia assumir a forma feminina para potencializar seu poder de atração e assim seduzir os humanos para que não mais danificassem as águas, que é seu lugar de reinado. Do Tupi quer dizer “Senhora D’águas”.
Possui longos cabelos ornados com flores vermelhas e é citada em um poema de mesmo nome por Olavo Bilac:
“Vive dentro de mim, como num rio,
Uma linda mulher, esquiva e rara,
Num borbulhar de argênteos flocos, Iara
De cabeleira de ouro e corpo frio.
Entre as ninféias a namoro e espio:
E ela, do espelho móbil da onda clara,
Com os verdes olhos úmidos me encara,
E oferece-me o seio alvo e macio.
Precipito-me, no ímpeto de esposo,
Na desesperação da glória suma,
Para a estreitar, louco de orgulho e gozo...
Mas nos meus braços a ilusão se esfuma:
E a mãe-d'água, exalando um ai piedoso,
Desfaz-se em mortas pérolas de espuma.”
Ceuci
É uma Deusa responsável pela produção que as árvores disponibilizavam. Depois da humanidade, passou a tomar conta das colheitas, assim era muito adorada para que as plantações gerassem o suficiente para as aldeias.
Estes foram alguns dos Grandes Deuses que se tem aqui no Brasil mesmo, além destes ainda tem os grandes monstros que também fazem parte da mitologia.
Monstros e Outros Mitos
Tupã depois de ter feito a humanidade voltou para seu tempo/espaço nos deixando com os outros Deuses criados e também com os espíritos do bem e do mal.
Aconteceu que o espírito do mau personificado como Tau perseguiu a filha de Marangatu, o segundo filho do primeiro homem, o grande líder generoso, e com ela teve sete filhos. Como eram filhos do espírito mau, foram amaldiçoados por Jaci, a Lua. Todos, exceto um, nasceram com aparências de monstros.
Os Filhos de Kerana
Muitos dos deuses menores e até mesmo os humanos originais são esquecidos em muitas culturas guaranis, porém os monstros, filhos de Kerana e Tau, são mantidos em todas as lendas, e até os tempos atuais aparecem para muitos que vivem em regiões rurais ou indígenas.
São eles:
Teju Jagua: Espírito das cavernas e das frutas
Mboi Tu’i: Deus dos cursos d’água e criaturas aquáticas
Moñai: Deus dos campos abertos, foi derrotado pelo sacrifício de sua Tia Porâsy
Jaci Tererê: Deus da sesta, único que não tem aparência de monstro
Kurupi: Deus da fertilidade e sexualidade
Ao ao: Deus dos montes e montanhas
Luison: Deus da morte e tudo que se relaciona.
Ainda existem outras mitologias relacionadas, tais como:
Jurupari
Considerado um Deus menor, havia um culto muito difundido no tempo da chegada dos missionários católicos, pois foi associado ao Diabo Católico.
Seu significado em Tupi é tido por “boca torta”, “máscara”, “mão sobre boca”, “tirar da boca”.
Uma versão de Sua história conta que uma mulher estava debaixo de uma árvore e que faminta comeu seu fruto, este fruto era proibido para mulheres em seu período fértil. Ao comer, escorreu seu líquido por seu corpo nu, e encontrando entre as coxas a fecundou. Quando a notícia se espalhou, a comunidade de sábios da aldeia expulsou-a da aldeia, assim teve seu filho em exílio. Esta criança se chamava Jurupari, e na verdade fora enviada por Guaraci, e era responsável por retornar à aldeia e reformar os costumes dos homens. Ele foi responsável por transformar os costumes de matriarcais em patriarcais. Era conhecido como Legislador.
Em outra versão ele seria o Deus da escuridão e do mal. Ele visita os índios nos sonhos causando pesadelos e trazendo presságios maus. Para impedir que os índios gritassem, ele os asfixiava, tampando lhes a boca e por isto seu nome.
Caipora
Do Tupi significa “habitante do mato”. É uma espécie de protetor das florestas e dos animais, se passa como um índio de pele escura e nu, que destrói os caçadores que não cumprem com o acordo de sua caça. Tem o corpo todo coberto de pêlo, segue montado numa espécie de porco-do-mato e porta uma vara. Dizem que teme a luz, por isto os índios se protegem com tições acesos.
Como forma de atuar, o Caipora imita sons de animais para atrair os caçadores mais adentro das florestas e os despista até fazê-los se perderem, confunde seus cães de caça e desorienta todos eles de forma a ficarem presos. Aponta aos animais as armadilhas para que estes não caiam nelas.
O que não muitos sabem é que o Caipora gosta de fumo, então alguns negociam com ele. Em dias santos e feriados, não são permitidos a caça, no entanto, é quando mais acontece, pois é bem provável encontrar com Caipora e oferecer ao pé de uma árvore, antes da caçada, um fumo de corda e dizer:
“Toma, Caipora, deixa eu ir embora”.
É uma maneira de tentar barganhar com este protetor. Se Ele permitir sua caça estará liberada e tranquila. Caso contrário, muita dor vai acontecer.
Vitória Régia
Como já mencionei, era costume das índias contemplarem Jaci no meio da noite à beira de um lago, e que quando uma era escolhida se tornava uma estrela no céu.
Havia uma guerreira virgem chamada Naiá, esta linda jovem ansiava encontrar com o espírito da Grande Deusa e ser escolhida para brilhar. Todos os anciãos e o pajé sempre lhe confrontava, dizendo que caso isto acontecesse ela teria de abandonar sua forma física, o corpo, e não mais poderia retornar para se iluminar. Isto a deixava cada vez mais empolgada.
Certa noite, ao sair sozinha ela viu a Deusa no Lago, seu reflexo brilhava fortemente, a Lua estava grande em seu reflexo, e Naiá queria muito ser escolhida, tanto que se aproximou para ter com a Deusa. Naiá se afogou, e o Espírito da Grande Deusa, tendo piedade pelo sacrifício feito pela donzela, a torna uma estrela, mas uma diferente de todas as outras, uma que brilhasse de forma diferente, e faz ali dela a Vitória Régia, uma estrela cheirosa que brilha apenas a noite e que ao amanhecer do Sol fica avermelhada.
Conclusão
Com certeza existem várias outras histórias, algumas já mais difundidas como o Boitatá, Curupira e outras. A mitologia do Brasil não deixa muito a desejar perto das demais que já se conhece por aí a fora. Não se pode também deixar que perca isto. Pode ser resgatado e divulgado, basta fazermos nossa parte. Não é responsabilidade apenas da catequização que isto tudo se perdeu, pois hoje mesmo, podemos ver o desejo de ir a Grécia conhecer a cultura desse povo do que desejar ir a uma aldeia conhecer sobre a cultura ancestral daqui.
Como xamã, honramos a Terra, nossos ancestrais e tudo que se passou nela, inclusive a história que aqui cultivaram e acreditaram. Como pagão também honramos a Terra que nos acolhe e nos entrega energias locais. E também não nego nossa globalização que hoje permite conhecer o mundo, entrar em contato com diversas culturas e pessoas, conectar com pensamentos que podem estar conosco por vidas.
Enfim, apesar da escassez de informação, ainda assim podemos, quem sabe, criar algum hábito que honre essas divindades do Brasil, respeitar o Deus do Brasil, popularizar seu nome, resgatar o culto à Jurupari, ou honrar Tupã, apreciar a Lua na face de Jaci e o Sol na face de Guaraci. Serve apenas como uma forma de conhecer o que temos, o que somos e como foi por muito tempo antes de chegarem os outros de outros lugares.
Fontes
LOPES, A. S. Mitos e cosmologias indígenas no Brasil: breve introdução. In: GRUPIONI, Luís Donisete Benzi (org.). Índios no Brasil. São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura, 1992.
MÉTRAUX, Alfred. A religião dos tupinambás e suas relações com as das demais tribos tupi-guaranis. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1950.
NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo: Global, 2013.